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Domingo à noite, segunda de manhã, momentos favoritos para os demónios que tão bem conhecem as nossas aflições e fraquezas. Tiram-nos o sono, aceleram as horas que anunciam o romper do sol e o confronto com o dia-a-dia, a realidade que sexta à noite fingimos apagar.
Filas de gente cabisbaixa a caminho do escritório, da fábrica, do hospital, da escola, da repartição. Um formigar de invisíveis dores e angústias, medos que se lêem na aspereza dos modos, na palidez das faces, no nervosismo, no pé que esmaga o cigarro, nos olhares que parecem agressivos mas são de terror oculto. Sorrisos que não são sorrisos. A fachada dos ademanes de cortesia, as dores no peito, as cãibras do estômago, os passos apressados que mascaram a vontade de não chegar.
Segunda de manhã. Tanta gente a caminho do seu gólgota.