Uns estão à manjedoura. Outros aguardam impacientes. Uns e outros acusam, discutem, aconselham, sabem como deve ser, como não devia ter sido, como se deve desfazer, e depois fazer à sua maneira, a boa, a da salvação e do progresso.
Parece que se mordem e arranham, que se insultam, que se opõem, mas é aparência, mau teatro, folia de carnaval, são todos do partido único do venha a nós e do Zé do Telhado.
De facto não merecemos melhor. Somos povo que se deixa espezinhar, povo de mão estendida que mansamente troca direitos por favores e esmolas. Não cumprimos, mas acreditamos em promessas, olhamos para o Alto e para o chão. Somos gente de má memória, de muitas desculpas, nenhumas culpas. Somos gente que foge.