Masoquismo à parte, pouco há de tão gratificante como receber uma cacetada seguida de um afago. A propósito do post de sexta-feira 26/03, intitulado "Uma bomba, Senhor!", recebi o elegante mail que segue:
Ex.mo Senhor J. Rentes de Carvalho,
Não sou, nunca fui, de achar que "há coisas que não se dizem", nem de crer em patetas superstições sobre a invocação da morte e de certas calamidades. Mas devo dizer-lhe que, embora com plena consciência do que me rodeia e apesar das enormidades que se dizem por aí, há muito tempo que uma afirmação não me chocava tanto. Não se trata de defender o direito à vida dos pulhas e trafulhas, ou por outro lado dos sofredores em geral, que isso cada ser humano vale pelo que vale, seja o meu vizinho do 5º esq. em Lisboa ou uma criança a morrer de fome em África: muito pouco, na imensidão das coisas, sendo certo que uns conseguem valer ainda menos do que os restantes. Do que se trata nem vale a pena explicar-lhe, porque sabe com certeza. Talvez possa catalogar esse seu post sob a etiqueta das "Grandes Imbecilidades". Sem ofensa, que grandes imbecilidades todos proferimos, nem que seja uma vez na vida. Que esta tenha sido a sua e que possa agora seguir caminho, com a qualidade e o interesse a que nos habituou.
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Prezada Senhora,
Veja o que são as coisas. Até à data era eu conhecido por indivíduo que, à semelhança dos mais, uma vez por outra caía a dizer asneiras. Agora vem a senhora alegrar-me com a nova de que fujo ao comum e mostro ter intelecto para debitar uma que merece ser etiquetada entre as "Grandes Imbecilidades". Creia que lho digo com franqueza: sinto-me honrado e surpreso de ter merecido a sua atenção. Além disso, o que também é de agradecer, fez-me sorrir.
Cordialmente,
J. Rentes de Carvalho
PS. O Altíssimo sempre ignorou as minhas preces, mas agora, promovido a uma categoria superior, nunca se sabe.