Passaram por ali os romanos, e ainda há pouco se via o empedrado da sua via. Antes deles devem ter passado muitos outros, pois era o caminho natural, a evitar os cumes. Por ali, o caminho das Nogueiras que vem de Carviçais, onde o comboio parava, passei eu vezes sem conta, sempre ansioso por chegar à nossa aldeia. E um dia escrevi:
“Nos pinhais o cheiro era outro. No vale, outro ainda, porque no fundo onde murmurava o ribeiro crescia a hortelã, a macela, o manjericão, e os seus olores, misturados com o sem-número de perfumes dos pomares e do mato, entonteciam as abelhas que revoavam à nossa volta. Entonteciam-me a mim. Assinalavam o meu paraíso de menino, lugar de harmonia e paz, onde os perigos mais temerosos eram as trovoadas secas e os incêndios. Para o resto havia salvação e com muito pedir a Deus até a morte se podia adiar.”