Uma tarde em Lisboa, anos atrás, fui-me de visita ao Museu de Arte Antiga. Percorrendo as salas com vagar, chamou-me a atenção que apenas o nome de um inglês figurava entre os doadores.
Vivendo num país, a Holanda, onde o mecenato é considerado uma obrigação social, e nascido numa terra onde os ricos se distinguem por, em geral, nem gostarem de dar sarna a gatos, aquela doação isolada de um estrangeiro entristeceu-me de modo singular.
Vem agora o leilão das obras de arte de Yves Saint-Laurent e Pierre Bergé, e as centenas de milhões de euros que daí resultarem irão beneficiar a luta contra a SIDA.
Largo é o fosso entre a elegante generosidade de alguns e o ganancioso egoísmo doutros.