Em pequeno tive o sarampo e, ao que parece, nalguns casos isso afecta o ouvido. Parece-me essa a melhor explicação para o facto que, desde miúdo e durante décadas, todas as vezes que, por uma razão ou outra, me vi a cantar “A Portuguesa”, involuntariamente o tenha feito de maneira particular.
Eu desatava com os mais a berrar:
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai ...
Chegado a este ponto, em vez de “Levantai hoje de novo”, cantava eu:
“Levantai o geguenovo,
O esplendor de Portugal!”
Preguiçoso e indiferente ao hino, na minha infância devo ter imaginado o “geguenovo” como coisa parecida com a Custódia dos Jerónimos, um esplendor de Portugal que se levantava em ocasiões solenes. O erro ficou, até ao dia, não há muito, em que decidi procurar o “geguenovo” no dicionário.
