sábado, novembro 12

Pobre dele?

Pobre dele? Coitado? Infeliz? Deus se compadeça? Desconhecemos as razões, mas era mau, mesmo para os que lhe queriam, os do seu sangue.
Trombudo, azedo, arrogante, violento, cheio de si. A soco e pontapé, com o cinto, à varada, mais de cinquenta anos bateu na mulher, nos filhos, na mula, no cão, nas galinhas que se lhe atravessavam no caminho. Desdenhoso, olhando de esguelha, as boas-horas, se as dava, saíam-lhe dentre os lábios como a cuspir um insulto.
É terrível, este sentimento: alguém morre e não deixa saudade.