domingo, fevereiro 4

Combóios e cambadas

 

Esqueci em que data e ocasião Saramago afirmou que Portugal corria o risco de se tornar uma província espanhola.

Corria, corre, as razões abundam, os prognósticos só mostram sombras. E eu, que melhor faria em virar o pensamento para o futuro próximo, quando para mim se irá realizar o que chamam a última viagem, ranjo os dentes, ao ler no jornal holandês Het Parool que a Espanha, com 4.000 quilómetros instalados tem, depois da China, a segunda maior rede mundial de combóios de alta velocidade.

Viaja-se a 310 quilómetros por hora entre Madrid e Barcelona, duas horas e meia chegam para percorrer os quinhentos quilómetros que as separam. E a rede não pára de aumentar.

E nós? Há quanto tempo estamos a estudar o assunto? Quantos governos e “governantes” se debruçaram já à procura da solução e do melhor trajecto?

Não há resposta, há meio século de promessas e “estudos”, “gabinetes”, os passageiros degradados a viajar nas carruagens de sucata que, com bom lucro, os espanhóis impingiram aos pandilhas. E os pandilhas sucedem-se uns aos outros, fingem mudar de cor, de doutrina, de “targets”, prometem benesses, garantidas num “futuro próximo”.

Acontece que no jornal antes citado, li também que, desde há tempos, se esgadunham as damas da política europeia para, em vez dos homens, irem elas sentar-se nos melhores peluches da UE, que cada cinco anos mudam de rabo.

Assim terá de ser eleito um novo presidente do Conselho da Europa, e até à data, escreve o mesmo jornal, “era favorito o muito elogiado PM de Portugal, que teve de renunciar ao cargo por suspeita de estar implicado num complexo escândalo de corrupção”.

Deus não dorme, cedo ou tarde tudo se paga, o problema é o nosso tempo ser tão curto, enquanto Ele tem a eternidade.