Sofro de uma afeição ridícula por snobes. Gosto deles com aquele misto de afeição que se tem pelos adultos que se comportam como crianças, pelos atrasados mentais, pelos que acreditam em OVNIS e os que bebem chás para a cura do cancro.
A senhora é snobe, escreveu um livro snobe, e como é daquelas filhas que, por adorarem o progenitor, deslizam nos sentimentos e na realidade, de tantas em tantas páginas é um louva a Deus do homem que foi na vida um escritor medíocre, mas manteve relações de amizade com "os últimos grandes senhores" da Literatura. E para que, postos ao corrente pelos fac-símile documentais que ilustram a obra, devidamente nos pasmemos, segue então uma basbaquice de lugares-comuns.
Ao mesmo tempo que agradeço à senhora o quanto me diverte, com gulodice igual à que tenho para os "jesuítas" e os pastéis de nata salto de postais para cartas, de páginas caligrafadas para dedicatórias, retratos amarelados, fotos de grupo.
Bem haja ela que, além do divertimento, fornece prova de que os snobes deveriam ter lugar cativo nos palcos das variedades.