Venham elas do púlpito, da tribuna, de uma cátedra, sejam ditas num parque com os pés assentes num caixote, ou à mesa do café, de cotovelos fincados no tampo, o rosto apoiado em ambas as mãos para melhor lhes acentuar a sinceridade, isto de palavras tem demasiado que se lhe diga.
Umas vezes é candura tomá-las pelo que parecem significar, noutras é descabida a suspeita, há-as que se diriam de amor e são de ódio, algumas saem à ligeira, sorridentes, escondendo assim a confissão para que falta coragem. Palavras há que são doces, mas de picada mais venenosa do que a da víbora, noutras ouve-se a moleza da banalidade, da rotina, parecem ser ditas para que o ar se agite ou haja uma ilusão de convivência.
Há as palavras que apenas se usam para contradizer, irritar, impor diferenças, vontades, mostrar aversões. Felizmente que as há também sinceras e carinhosas, suaves à alma, ao ouvido, genuínas no tom, modo e significado.
Porque assim é, talvez devêssemos aprender de novo a falar. Com simplicidade, embrulhando menos as intenções, os interesses e os significados.