Discordam sobre os detalhes. Ela já não sabe se tinha visto na televisão ou lido na Caras, ele diz que se lembra muito bem, foi no jantar de anos do Amadeu, a Sílvia é que tinha ouvido na Renascença.
- Não foi não.
- Foi sim senhor.
Tê-los por companhia tornou-se incómodo. Fale-se da seca ou da carestia, ou do último enterro, e eles descobrirão maneira de voltar ao assunto Tomam um ar esquisito, começam a olhar para as mãos dos presentes, e ela, dada a inconveniências, não hesita em usar a força contra quem as esconde, põe-se a examinar os dedos com ares de vidente.
Vira a mão dum lado e doutro, mede, pisca o olho ao marido, este examina ao modo do clínico que vem dar uma segunda opinião.
- É ou não é?
- De facto é – confirma ele. E dirigindo-se ao examinado: - Testosterona tens tu de sobra!
Esses são os que riem e acham interessante. Os fracos na hormona não apreciam a brincadeira, e há também os que vêm com exemplos e demonstrações em contrário, afirmando que a prova é feita com o dedo médio.
- Nada disso – explica ela. – O sentimento de agressividade do homem, a vontade de vencer, realizar, o drive sexual, tudo é condicionado pelo seu índice de testosterona. E esse é revelado pela diferença de tamanho do dedo anelar em relação ao dedo indicador. Grande diferença, grande potência. Pouca diferença ou tamanho igual.
Não é de estranhar que os amigos tenham começado a evitá-los, e alguns metam as mãos nos bolsos se por acaso os encontram.