domingo, julho 3

A conversa informal

A notícia mais importante e surpreendente dos últimos dias, foi para mim a do encontro do senhor Moedas e do senhor Santos, “a conversa informal” de ambos os cavalheiros sobre esse caso de aeroportos e construções.

Pelos jeitos tratava-se de assunto em que o senhor Costa, Primeiro Ministro, não era chamado, pois o seu cargo é apenas de político, o que equivale ao de montar e reger o espectáculo da governação para os basbaques que somos, e com a qualidade que lhe conhecemos.

Bem pode ele ser Chefe do Govêrno, possuir as manhas, habilidades e contorcionismos de um artista de circo, mas no seu caso toda a cautela é pouca, eu ficava de pé atrás. É que ser excluído, nem estar a par da “conversa informal” entre os senhores citados, prova à saciedade que assuntos de importância para os grandes interesses, e acidentalmente para o país, são tratados em segredo e em particular, não nos ministérios ou no Parlamento.

É facto que o senhor António Costa nasceu em Lisboa, e provavelmente dá-se conta, alguns fazem-lho sentir, mas o mais certo é que não tenha um amigo com suficientes “tomates” para o avisar de que estrebuche menos, pois nunca entrará nos inner circles daquela Lisboa que tem o país como colónia sua.

É que ele é o seu modo, ele é a pronúncia, a gramática, os trejeitos, até os fatos, por vezes os maneirismos involuntariamente rascas, as manhas, o afã plebeu das cunhas para um assento na UE, enfim, todo um conjunto que destoa no ambiente refinado e olímpico de quem se trata por tu nos concertos da Gulbenkian e naqueles clubes e associações em que o não querem, porque destoaria e lhe faltam os pergaminhos.