terça-feira, março 8

Ter razão

 Agora que são tantos os que têm razão, recordo este caso autêntico:

Getúlio Vargas, presidente do Brasil durante quinze anos, tinha o hábito muito doméstico de despachar com os seus ministros, tendo sempre a esposa a seu lado, ocupada a fazer crochet.

Um tarde entrou no gabinete o ministro das Finanças, apressado e furioso, acusando o colega do Comércio de ser um patife, traficante de primeira, corrupto até à medula.

- Você tem razão, ministro. Vou tratar disso.

Logo depois entra o acusado, também a barafustar que o do Comércio era um bandalho, um vendido, um ladrão.

- Você tem razão, ministro. Vou tratar disso.

O homem a sair e a esposa a perguntar:

- Mas então como é, Getúlio?  Têm ambos razão? Não estou a compreender.

- Alzira, você tem razão.