Quando em 1971 foi editado em
Portugal o meu segundo romance O Rebate, os críticos literários, que
tinham incensado Montedor, deitaram-se a morder em mim com um entusiasmo
que levava a pensar que, fossem eles cães de fila nem os ossos deixariam.
Publicado em tradução neerlandesa em 1990 os críticos do meu país de adopção
viram nele uma obra-prima, compensando largamente com esse e outros
cumprimentos o veneno da minha gente.
Há poucas horas – o acaso tem
dessas surpresas – ao folhear um esquecido exemplar da primeira edição
portuguesa, encontrei a carta em que Joaquim Novais Teixeira, meu amigo, tio
adoptivo, patrono e mentor, acusa a recepção do manuscrito que lhe tinha enviado
e dava pertinentes conselhos.
Anterior ao veneno pátrio, esta
carta foi a generosa armadura que me protegeu das críticas maldosas e
infundadas que vieram com a publicação Deixo-a aqui, grato pela memória do homem que tanto me ensinou e a
quem devo muito do que sei e do que sou.
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