sexta-feira, maio 22

Burro velho


De pouco preciso para desanimar, estado de espírito que me acompanha desde os princípios e ataca com graus variados de intensidade, sempre à espera e de pouco precisando para me desencorajar, sussurrando que não vale a pena, é tempo perdido, ninguém está à espera das minhas invenções, do relato dos meus estados de alma, se me assustam as ameaças da epidemia, perco o sono com as misérias que se anunciam ou vivo a aguardar o terramoto.
De modo que basta ler que nos seus cinquenta anos de vida Eça de Queirós escreveu para cima de dez mil páginas, com caneta, aparo e tinteiro, para me envergonhar da minha escassa produção em quase o dobro do tempo e o computador a ajudar.
Infelizmente nasci assim e é da sabedoria antiga que burro velho não toma andadura.