sexta-feira, abril 10

Que faz este aqui?


Ser idoso como eu e sair à rua, porque ao fim e ao cabo a quarentena ainda permite ir ao supermercado e passear no parque, dá lugar a uma interessante constatação, a da maneira como os que têm menos idade arregalam os olhos como se vissem um espantalho ou uma daquelas figuras que nos circos de antigamente assustavam as crianças. A expressão dos rostos não mente. Há os que viram a cara, não vá eu espirrar para aquele lado; os que demonstrativamente acham que o metro e meio de afastamento não chega e dão umas passadas largas; alguns não conseguem desviar os olhos como se a qualquer momento esperassem ver-me cair; a expressão de uns quantos revela o que se perguntam: será que este está infectado? Também há os que nem escondem a agressividade e lê-se-lhes na cara a interrogaçãp: como é possível deixar que matusaléns destes andem à solta entre nós?
Vejo, oiço, compreendo, perdoo e sorrio, já vi mais do que eles e nem a morte me assusta. Fora isso, semanas atrás examinaram-me por todos os lados, deram-me por escorreito da cabeça, tronco e membros, foi a minha carta de condução renovada e é válida até ao fim de 2025.
Caso para dizer: ri melhor quem ri por último.

PS. Aqui fica, para os desconfiados que como São Tomé precisam de ver para crer e me escreveram a duvidar:
(Clique)