terça-feira, abril 14

O vírus não quer saber


O vírus não quer saber se és jovem ou ancião, rico ou pobre, genial ou ignorante, manhoso, ingénuo, valente, desastrado, macho, fêmea ou in-between, preto, branco, amarelo, pele-vermelha, esquimó, jeová, muçulmano, banqueiro, dentista, betinho, fã da Cristina, doente cardíaco, emigrante na Suiça, e por aí fora, dando constantemente a volta ao mundo até que pára à tua porta. Sorri de te ver mascarado, entra e não faz escolha, qualquer ponto do teu corpo lhe serve para moradia, a partir desse instante o problema é teu.
Por muito que te acauteles e protejas, desinfectes, evites a rua, o idoso do terceiro andar, os remoinhos do vento quando vais ao supermercado, rezes a Nossa Senhora, ao Padre Cruz ou à Santinha da Ladeira, os dados estão lançados, o que tiver de ser será.
Por isso dá pena que tenhas medo e sofras, que vivas no esperançoso engano de que uma vida que para ninguém é eterna precisa de um vírus para findar.