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Quanta raiva e amargura corre
por aí, quanta danação, pragas, insultos, tanta certeza vã de que estes fazem
mal, os outros fizeram bem, só a vitória do nosso clube é gloriosa, justa, porá
isto direito, a funcionar como deve.
Já os de ontem o disseram
e os de amanhã dirão o mesmo, como em todos os tempos o dizem os tolos, os mesquinhos,
os do venha a nós, nunca a eles.
E eu, que não visto
camisolas, não dou vivas nem morras, só tenho a bandeira da terra em que nasci
e onde pertenço, olho em redor abismado com a malvadez, a estupidez, a
ignorância que cega, o fanatismo que destrói, a impotência do ódio.
Assusta-me o modo como a
minha gente julga esconder o pavor que sofre, imitando raivas e desdéns, sabendo que no fundo, bem no
fundo, o que a atormenta são as incertezas, as incógnitas, a insegurança, a
vontade de ter um futuro mas querê-lo único, bom, apenas seu, como se jamais
tivesse sido possível fugir à realidade numa ilha, ou escapar ao mundo por detrás de
muralhas.