Nos últimos dias, por razões de trabalho, aconteceu-me falar com um maior número de pessoas do que para mim é corrente e, uma vez por outra, tive a surpresa de me ouvir dizer que me sinto bem.
Semelhante afirmação desorienta o
interlocutor que, em geral mais novo, tem dificuldade em compreender a minha
paz e contentamento. Mas de facto assim é: sinto-me bem. Se esgravatasse, de
certeza iria encontrar uma ou outra razão de pessimismo e desespero. Simplesmente
acontece que deixei de me preocupar com o mundo, as suas fomes, guerras e desgraças, o arsenal de tragédias que, em
detalhe, a cores, som no máximo, me é servido a todas as horas.
De modo que, faz tempo, carrego o peso que
me cabe e, graças a Deus, aguento. Sinto-me bem. Carregue cada um o seu e deixe
de fingir que se sente esmagado pela miséria do semelhante.