Polícia, psicólogo, padre confessor, nenhum saberá dizer que homem ali vai. Camaleão das almas que teve e das aparências que se inventou, há muito descobriu que segura menos firme a rédea, e o seu Pégaso não voa para onde ele manda.
Chega ao café, olha em redor, e mesmo se
não há gente tira o chapéu numa vénia antiga, caminha direito à "sua"
mesa, perto da janela.
Espera, mas nada acontece. Chegará um ou
outro que, distraído, perguntará "como vão esses ossos?", intróito de
conversas que não são conversas, de
recordações feitas de aparências, enganos e desencontros.
Quando na torre bater a uma, dirá que
"vão sendo horas", levanta-se, repuxa as calças, apoia-se à bengala e, com
a sem-pressa da velhice, desce a rua, entra no restaurante, pergunta desinteressado o que é o "prato
do dia".