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Neste tempo em que vivemos, entre um rapaz de quarenta e
um sénior com o dobro, podem ser abissais as diferenças de
sensibilidade, de interesse, visão do mundo e, sobretudo, as das ideias sobre os corpos e as
almas.
Isso bastaria para que a temática e o estilo de Gonçalo
M. Tavares me travassem a vontade de lê-lo. O que da sua obra conheço também
não me encorajou a persistir, nem os muitos prémios, elogios, ou as similitudes
com Houellebecq me entusiasmam ou fazem mudar de opinião. Teimosia de idoso,
esta de só através dos seus olhos querer ver o que se passa e o que o rodeia
Felizmente outros há, com menos anos, mais capazes, e melhor percepção
da contemporaneidade, como o muito capaz e inteligente Gerry van der List, que
no semanário holandês Elsevier
termina assim a crítica de Aprender a
Rezar na Era da Técnica:
"É um livro estranho e desconcertante, com curiosos
personagens… Mas a precisão clínica, o tom seco e a mórbida fantasia de Tavares
emprestam ao romance um estranho sentimento opressivo. E isso leva a desejar
que, com brevidade, mais obras suas sejam traduzidas para o Neerlandês".
Congratulo-me com o êxito do jovem colega, e faço votos
para que Gerry van der List continue a interessar-se pela literatura
portuguesa. Quanto a mim, fico como sou: nem cego, nem invejoso, mas com
demasia de anos para mudar de andadura.