São momentos de empatia que passam despercebidos e céleres, quando nos damos conta já a ocasião se perdeu, fica a ponta de remorso.
A jovem desconhecida falava-me de leituras e, de imprevisto, quis saber se alguma vez me tinha sentido só, isolado, perdido no desconcerto da vida e dos sentimentos.
Felizmente, sem aguardar resposta, contou de si própria, de como lhe pesam os trinta anos, a juventude que sente ter perdido, o negrume de certas horas, o pesadelo das noites sem esperança de companhia, o desespero de nem nos sonhos alheios, os dos muitos livros que lê, encontrar alívio.
Ouvi-a com paciência e ternura. Não aconselhei nem repreendi, tão-pouco disse que não se afligisse ou que no futuro há sempre uma aberta, raios de luz. Isso poderá ela descobrir um dia por si só, pois a consciência da perda é condição do resgate, é o painel a indicar o bom caminho.
Caminho que por má sorte, habituados à perda e ao desespero, alguns preferem não encontrar.