O estado do tempo pouco ou nada influi na minha disposição de espírito. Canícula, granizo, ciclone, trovoada ou nevoeiro, a menos que cause prejuízo não consegue despertar-me interesse. De modo que conversas sobre o clima, a pergunta de como está o tempo por aí, profecias no género de amanhã vamos ter chuva, definitivamente afectam a capacidade que tenho de prestar atenção ao interlocutor e manter o amigável sorriso.
Bem sei que certos assuntos servem para ocultar a ausência de interesse, outros situam-se ao nível do ritual com que os cães se farejam o traseiro, e que temos de fingir para manter entre nós a paz que o Senhor recomenda, Mas, francamente, poupem-me. Não perguntem se na Holanda neva muito, ou se sofro com o calor quando estou em Portugal.
E já agora: conversa sobre a minha escrita, também dispenso.