terça-feira, junho 29

Ai se eles ganham!


Também a mim acontece falar de coisas que não sei, ter uma ou outra opinião de que depois me envergonho ou arrependo, mas em geral acautelo-me. Assim, com esta excepção, nunca me meti a escrever sobre futebol, pois é desporto que, se eventualmente me diverte, não desperta as paixões que nos outros invejo.

Por dever social, como ontem no Holanda-Eslováquia, assisto porque a família assiste, mas não consigo partilhar o entusiasmo. Acompanho na cerveja, e enquanto os outros olham fascinados, sugerem, dão palpites, a minha atenção vai para coisas que pouco têm a ver com o jogo. O que me diverte mesmo são, por exemplo, as caretas, sobretudo as dos treinadores e dos seus assistentes, o gesticular, aquelas ordens e sugestões que berram, dando-se a ilusão de que, a meio campo, ou lá longe na baliza, os rapazes os ouvem ou atentam. É teatro.

Mais logo, porém, no Portugal-Espanha, temo que vai ser diferente. Sei que mesmo antes do primeiro apito vou recordar o espírito de D. Afonso Henriques, Aljubarrota, 1640, e não respondo por mim. Ai se eles se atrevem a ganhar!