Porque se me desarranjou a saúde, nas últimas semanas tenho tomado comprimidos de várias espécies e em quantidades que associo com a chamada dose cavalar. Resultado nulo. O curioso é que, não acertando a Medicina com a razão do meu achaque, receitam-me para isto e para aquilo, depois aqueloutro, ora para o físico, ora para o psíquico. É reumatismo, mas no dia seguinte não é, talvez artrite, inflamação assim, trauma assado, arriscam hipóteses com nomes interessantes como síndrome do túnel tarsal. Diagnóstico errado.
Faz-se um MRI e mais uma ecografia, Raios-X de manhã, de tarde. De sangue para análise devem-me ter tirado um litro. Aos frasquinhos de urina perdi a conta e por certo pedalei mais de uma etapa do Tour de France para ver se o coração aguentava. Aguentou.
No meio tempo distraio-me a ler os folhetos que acompanham as pílulas de variadas cores e tamanhos, atendendo sobretudo aos efeitos secundários. Descobri assim que a Amitriptilina me pode causar inesperada euforia, ou ter efeito contrário e levar-me ao suicídio.
Inquietante perspectiva. Será que vale a pena correr o risco, queixando-me só de dores num tornozelo?