Fosse o arrependimento coisa de meter em saco, aos anos que tenho já teria enchido uns quantos. Arrependimento do que se fez e não fez, do que se disse e não disse, das promessas cumpridas, da gentileza que se teve, do que se perdoou, do que se preferiu esquecer, das desculpas inventadas para que o outro se não doesse, do pedido a que se acedeu...
Saco pesado seria de certeza. Saco pesado é, não sabe a gente se o carrega no peito ou na consciência. Tortura efectiva e permanente, à mercê de uma recordação, de uma palavra que se ouve.
A sageza manda que pouco se desculpe, pouco se perdoe, tudo se guarde na memória. E não se estenda a mão, porque o outro aproveita o momento de fraqueza e morde.
