D. Maria toca o sino, puxando uma corda que, por entre as amoreiras, vai da torre da igreja, atravessa o largo e lhe entra pela janela. Vejo-lhe o braço descarnado a puxar e assusto-me, fujo, porque ouvi dizer que ela fala muito com Deus.
As Filhas de Maria estão à entrada da aldeia, em duas filas, batem palmas, cantam, atiram pétalas de rosas. O bispo, pequenino, gorducho, sorridente, passa abençoando. D. Abílio. Este é que fala com Deus!
Ajoelho como os outros e evito encará-lo, beijo-lhe o anel.
A minha avó também fala com Deus, mas diz que nunca se sabe, e o missionário tinha aconselhado. Por isso pagou duzentos mil réis por trinta indulgências. Leio e compreendo: o Purgatório, o adoçar das penas infernais, ou mesmo a segurança de escapar ao Belzebu, está em ter à mão estes papéis.