Não há segurança na contagem do tempo. Quando olho para trás pergunto-me se
de facto tive um passado, pois o que enxergo são episódios de pouca monta, uma
mão-cheia deles se tanto, longos hiatos, vivências desfeitas em névoa.
Em nenhuma escola se aprende a viver, e o caminho que os outros com boa
intenção mostram, é o que eles conhecem, não o que iremos trilhar. Ora a
passadas lentas, ora aos trambolhões, carpindo o que já não é, temendo o
que será. Vão os fracos amparados pelo sonho, avançam os resolutos cheios de
certezas, mas não sabemos contar, caminhamos todos na feliz ilusão de que a
estrada é longa e sobra tempo.