Em tempos como os de agora é
fácil cair na tristeza e no azedume, ver sombras, sentir desespero, ficar certo
de que só pode vir o pior, que se for encontrada solução ou houver benefício,
essa boa sina caberá sempre aos outros, para nós fica o mau destino das dores e
das aflições, dos compromissos que não podemos cumprir, da má sorte que bate à
nossa porta.
É fácil cair no desespero, fácil
também ensinar aos outros a receita que connosco nunca dá certo, e com ar sábio
dizer-lhes que é errado desesperar, há sempre um amanhã, mas escondendo que são
excepção os amanhãs que cantam e da paulada que nos atordoa raro se vê o braço.
Felizes os que agora cantam e
aplaudem às janelas, são eles os cães que ladram enquanto a caravana passa.