quarta-feira, setembro 18

Bilhetes (94)



Foi o acaso de procurar um livro e cair da estante o que estava ao lado, descobrindo pelo que anotei que o li pela primeira e única vez em Fevereiro de 1972, data em que o meu alemão estava menos enferrujado do que agora: Parerga und Paralipomena, kleine philosophische Schriften de Arthur Schopenhauer.”

É livro que pode divertir, mas de que nestes tempos não se recomenda a leitura, pois abre com o capítulo “Nenhuma mulher presta”, dezasseis páginas de rabiosa misoginia.
Logo de entrada cita Juan Duarte y Navarro (1529-1588) que no seu Examen de ingenios para las sciencias escrevia: “La compostura natural, que la mujer tiene en el cerebro, no es capaz de mucho ingenio ni de mucha sabiduria… Quedando la mujer en su disposición natural, todo genero de letras y sabiduria es repugnante a su ingenio… Las hembras (por razon de la frialdad y humedad de su sexo) no pueden alançar ingenio profundo; solo venemos que hablan con alguna aparencia de habilidad, en materias livianas y fáciles.”
Deita depois mão de Rousseau, que afirmou: “Les femmes, en général, n’aiment aucun art, ne se connaissent à aucun, et n’ont aucun génie » para continuar com Byron em 1821: « Thought of the state of women under the ancient Greeks – convenient enough. Present state, a remnant of the barbarism of the chivalry and feudal ages – artificial and unnatural. They ought to mind home - and be well fed and clothed – but not mixed in society. Well educated, too, in religion – but to read neither poetry nor politics – nothing but books of piety and cookery. Music – drawing – dancing – also a little gardening and ploughing now and then.”

Fico-me por aqui, não vá acontecer que alguma tonta passe por estes lados e me associe a Schopenhauer. Já tem acontecido, e pior.