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A sério ou não, o blogue para
mim é conversa, conversa imaginária. Fantasio interlocutores num café virtual,
suponho neles qualidades de sabedoria, cultura, inteligência, e uma atenção educada.
Resumindo: um passatempo inócuo, maneira
de me imaginar no mundo, participando sem agravos nem aborrecimentos, de facto
com mentalidade nada diferente da que, em criança, me levava a revolver os
cobertores da cama, fantasiando a imponência dos Alpes.
Um diário é outra coisa.
Entram nele dores e confissões, os momentos de paz, mas também as horas de
raiva, os desesperos da impotência de nada poder consertar do que está errado,
torto e retorcido, injusto. Para mim, escrever um diário fere mais do que
alivia, porque intento, sem que me poupe, deixar nele o mais que consigo atingir
de sinceridade no expor das minhas falhas.
Talvez pareça vislumbrar-se
aí algo de ascese e depuração, mas o que de facto lá deixo são dolorosos ajustes
de contas comigo mesmo. Fi-lo com Tempo
Contado (1994-1995) e, uma segunda vez com Pó, Cinza & Recordações (1999-2000).
Anteontem comecei o que
deve ser o último, pois por muito interessante. movimentada e surpreendente que
uma vida seja – a minha tem sido – chegam sempre os momentos de inevitável
fastio, o enfarte do déjà vu.