sábado, dezembro 5

Tarados e loucos

(Clique)
Nos anos 60 e 70 era grande o meu fascínio pelos personagens de tarados e loucos varridos que povoavam os filmes de cineastas italianos, mas uma coisa é olhá-los no ecrã, muito outra é tê-los perto e, pela força dessa circunstância, andar-se de pé atrás, ao mesmo tempo que se representa a farsa da amabilidade, pois com eles nunca se sabe de que lado sopra o vento. Parecem comedidos, corteses, mas no instante seguinte, porque desconfiaram do sorriso ou o tom das boas-tardes lhes desagradou, pronto reviram, e se não puxam de navalha lê-se-lhes nos olhos a sanha de Caín.
De vez em quando, em maré de calma e quase normalidade, um desses quer saber por que razão me mostro afastado ou de quem herdei o modo solitário. Avanço com o sorriso e guardo-me de palavras, se vir que é preciso faço de tolo.