sábado, março 13

No Congo

­

                                                                          (Clique)

Queixas, raivas, decepções, desesperos, eles não querem ver nem ouvir, eu sou o débil mental, o atrasado que não compreende que isto é uma tragédia, não consegue distinguir que é para o bem de todos. Que as intenções dos senhores que governam e dos paus-mandados que os aconselham são de solidariedade e cuidado, deixassem eles correr metade do mundo estaria infectada, e para a outra metade não chegariam as campas nem os crematórios. Mas eles cuidam e atormentam-se para o nosso bem, se nos falta a liberdade pelo menos não nos falta o ar, é lindo ver como por solidariedade todos tapam a cara e se envergonham quando por acaso a mostram.

Ninguém se iluda nem venha dizer que antigamente era melhor, pois parecia a Idade Média, todos desprotegidos, cada um a tossir e a espirrar espalhando sabe Deus quantos vírus, micróbios e mais bicharia desconhecida, sem respeito nem cuidado pelo semelhante, aos beijos, abraços, apertos de mão, cotoveladas, empurrões, um comportamento de primatas nas florestas do Congo.

Mas que lhe hei-de fazer, que não nasci ovelha e prezo a minha liberdade?