terça-feira, janeiro 26

O país invisível

 "… o que me interessa é o país invisível que votou André Ventura. Um país que não se vê. Um país que foi destratado nesta campanha.

A fazer fé naquilo que jornais, rádios e televisões nos garantem há semanas, Beja, Castelo Branco, Viseu, Guarda, Santarém, Vila Real, Bragança e Madeira estão a abarrotar de fascistas. Legiões deles. Extremistas.

Não conhecem estes fascistas? São gente que vive com baixos rendimentos. Lêem poucos livros e certamente nenhum que tenha a ver com o fascismo.

Tudo o que fazem e dizem parece mal ao país que se acha certo e cheio de razão. E que diz que eles são fascistas. De extrema-direita. Que são um problema.

Coitados destes perigosos extremistas. Para irem ao médico, à escola, às compras… precisam de ter carro mas agora explicam-lhes que as suas viaturas em segunda, terceira e sabe-se lá que mão não são amigas do ambiente.

Matavam um porco mas agora dizem-lhes que o país sustentável é vegetariano.

Roubaram-lhes os dispositivos de rega que tinham instalado num terreno mas nem vale a pena apresentarem queixa. Aliás, isso de chamar a polícia que em muitos destes locais que abarrotam de fascistas é a GNR é uma força de expressão: os postos da guarda fecham à noite, as viaturas não andam e os agentes volta e meia declaram que não têm meios para intervir. (Sabem, nesse país que fica longe a noite é mesmo noite, o isolamento é mesmo isolamento e quando a GNR declara que não tem meios para intervir, optar por pintar os lábios de vermelho e vir fazer carantonhas para as redes sociais não funciona). Estas pessoas não vêem as suas vidas nas notícias. Só servem para fazer de povo nos programas de entretenimento.

Hoje votaram no Ventura? Sim, mas tal como lhe deram o voto tiram-lho. Mas há que os ouvir.»

Helena Matos – A derrota da realidade virtual - no Blasfémias.