sexta-feira, agosto 28

Sem regozijo nem festa

Hoje é o meu dia de cansaço da vaidade alheia, do pedantismo, da arrogância e da maneira lisboeta dos mandarins, do gostinho que lhes dá descobrir que afinal a ditadura tem as suas vantagens, tudo está em saber como se adoça a pílula das promessas do bem-comum e até que ponto se pode aumentar a dose de medo que leve o rebanho a fechar-se em casa.

Passado um ano e pico, mais semana e meia voltarei à pátria. Sem regozijo nem festa, com a tristeza e o azedume de que o essencial me vai faltar, que os abraços, os beijos, o carinho, os sorrisos, a amizade, a simpatia, tudo será de longe, pior do que com estranhos, envolto num medo e desconfiança de guerra civil. Ainda não parti e já anseio por retornar, triste destino o de que em tantas horas se sente melhor na terra onde não nasceu.