sexta-feira, setembro 2

Perdidos no efémero

 

Já era difícil quando sabíamos menos uns dos outros e as novidades demoravam, hoje é de desorientar. Espicaçam-nos para que nada percamos – "Siga as notícias no momento em que acontecem!" – criando a ilusão de que não há vida se não nos mantivermos ao corrente, se nos desinteressarmos do tremor de terra no Punjab, do surto de gripe no Japão ou da queda nos preços do petróleo.
Querem que tudo nos interesse, e raro estivemos tão desinteressados, capazes apenas de surtos de entusiasmo, perdidos no superficial, no efémero, sem fôlego para acompanhar as modas, as tendências, as correntes, possuir os must-have de que nos asseguram que sem eles não há vida que valha a pena.
Os casos de assustar, as tragédias, as grandes calamidades, tudo entra na categoria do transitório, acontecem no agora, mas no momento em que nos damos conta já pertencem ao antes.