Nada a fazer, que a vida é assim, sempre com surpresas e coincidências. Um encontro levou-me a recordar um texto que dez anos atrás deixei aqui, e um pouco depois descubro que ontem ou hoje alguém o esteve a ler, e por isso o repito. O nosso velho de dez anos ou mais despertador da Ikea, de despertador só tem o nome, mas a noite passada de súbito desatou a despertar, e quando acendi a luz para ver o que lhe tinha dado, ficou a casa às escuras com um curto-circuito. Coincidências? Pois será. Bruxaria? Também pode ser.
Edward Witten (1951), físico. Passou por Amsterdam para receber um importante prémio da Academia de Ciências – a medalha Lorenz. No dizer de quem sabe, a sua capacidade intelectual coloca-o ao nível de Einstein.Acontece que os jornalistas se viram mal para entrevistá-lo, pois segundo quem assistiu, põe-se-lhe uma pergunta e ele cala-se literalmente durante longos minutos, fecha os olhos, abre os olhos, sorri, fita a parede, sorri, fecha os olhos, fita o interlocutor. Finalmente lá responde. Sabe demasiado, concluiu um jornalista, para decidir à la minute por onde começar.
Gosto do género, talvez porque cada dia me torno mais avesso às "pessoas interessantes". Vem-me isso da fartura. Jornais, revistas, têvê, blogues, Twitter, YouTube, ele é um nunca acabar de gente a puxar, a gritar e a empurrar que é interessante, que faz ou fez coisas interessantes. Entram nesse jogo idosos, jovens, garotinhas, deficientes mentais, desportistas paraplégicos, políticos reformados e no activo, magarefes, engraixas, padres, carpinteiros, pedicuras, taxistas, mais de meio mundo.
Não há profissão ou actividade que não esteja representada, de maneira que quando agora encaro o meu semelhante faço mentalmente uma aposta. E em geral ganho.
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Edward Witten não é o senhor da fotografia.