Pouco ou nada me interessa o budismo, não sou de yogas nem
meditações, retiros espirituais não é comigo, e contudo passo horas, muitas
horas, imóvel a olhar para a copa das árvores e o bocado de céu que tenho defronte,
perguntando-me se semelhante atitude é fraqueza do espírito, preguiça,
desânimo ou dificuldade de viver.
Talvez seja uma mistura de tudo, mas não explica que dessa
imobilidade resulte o cansaço físico de uma
maratona que nunca corri, e me venham sombras como se vivesse ainda no Portugal
da minha adolescência.