(Clique)
E eu então, quando
isso leio ou por acaso oiço a baboseira, do que tenho logo vontade é de lhes
assentar um pontapé naquele local - creio que foi Eça que assim o definiu –
onde as costas acabam e as pernas começam.
Mas como isso já não
se faz, e nesta nossa em extremo carinhosa sociedade até o puxão de orelhas pode dar cadeia, fico a
remoer o desagrado, perguntando-me a quem raio devo deitar culpas. Aos pais? À
escola? À fraqueza das cabecinhas? À parolice que os leva a acreditar que,
exprimindo-se desse modo, se distinguem do comum, mostram fineza?
Passado o acesso e
voltando a mim, não é irritação o que sinto, mas desalento. Pois que adianta o
esforço dos que se empenham para que o mundo avance, se nem de longe fazem
contrapeso ao rebanho que se alegra e satisfaz com a própria ignorância?
...........
Publicado no CM