(Clique)
Em Janeiro, a notícia de que o Estado tinha
gasto mais de 300 mil euros em talheres, levou a que um ou outro zelote
franzisse o sobrolho, falando de esbanjamento.
Devo dizer que estranhei, pois esperava coisa
superior, já que nos repastos oficiais tudo deve ser feito para vincar o brilho
da nossa multisecular pátria, e como caprichamos em receber quem nos visita.
Trezentos mil euros? Achei pouco, quase
mesquinhice. Talvez por isso, há dias, roído de inveja, li que a Turquia está a
construir um palácio presidencial com 1.150 divisões, 63 ascensores, várias
salas de conferências, uma mesquita para acomodar 4.000 fiéis, piscinas e muito
mais. Para uso privado, o presidente Erdogan e os seus familiares disporão de
250 quartos.
O mármore dos soalhos? € 3.000 por m2. Os
copos, incrustados de ouro? € 300 cada. Total? O governo diz 615 milhões, as
más-línguas falam de 1.500 milhões. O presidente, esse proíbe o falatório, porque
lhe repugnam as intromissões da plebe.
Talheres de 300 mil euros! Pobres de nós,
que nunca mais teremos os Descobrimentos, o Brasil ou o Volfrâmio, e até a teta
da UE, que Mário Soares nos entusiasmou a que a chupássemos, está quase sem
leite.