terça-feira, janeiro 12

Na morte de David Bowie

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Dá-se agora com a morte de David Bowie, vezes sem conta o vi suceder antes, não há dúvida que se repetirá. E bem é, porque dá prova de que são tantos os que possuem a maravilhosa qualidade de sinceramente idolatrar, de confessar-se gratos pelas emoções e sentimentos que o seu ídolo lhes provocou.
O caso é que digo isto surpreso e com uma ponta de inveja, pois por muito que procure ao longo dos meus tantos anos, de menino a velho não descubro personagem que me tenha despertado esse sentimento.
Admiração, sim. Aquela surpresa que nos torna minúsculos perante o talento ou a ciência alheia, o calafrio que dão certas músicas.
Conheço a amizade, o amor, o carinho, constantemente me vejo a admirar, raro passa dia que por razões várias me não comova, me alegre, me irrite, o que prova algum sentir.
Falta-me, todavia, essa capacidade de idolatrar, de osmose, de permitir a entrega. O que constato sem me perguntar se é bem ou mal, se assim perco algo que me teria feito diferente, melhor. Ou talvez não.