segunda-feira, janeiro 25

"Conheço-o! Uma vez falámos!"

(Clique)

Está fora de si. De madrugada conseguiu dormir uma horita, mas logo se ergueu, a andar para lá, para cá, hesitando se telefona ou vai escrever. Carta, claro, nada de e-mails.
Duas vezes teve a honra de lhe apertar a mão, e uma tarde em Bragança – o Professor tinha acabado uma aula no IPB – fez-se uma roda de admiradores e ele ficara um bocado a ouvi-lo, foi quando lhe disse que gostava muito das suas ideias e raro perdia a oportunidade de vê-lo na televisão.
Está decidido. Vai-lhe escrever, recordando o encontro, a simpatia, informá-lo de que lhe deu o seu voto, que se sente feliz com a extraordinária vitória. Extraordinária e retumbante. Anota num papel, não vá esquecer: extraordinária e retumbante. Talvez as escreva em maiúsculas. Cinquenta e dois porcento. Nunca visto. Excelência? Excelentíssimo Senhor Presidente da República? Caro Professor Marcelo é mais simpático, familiar, só que talvez pareça um bocadinho… Mas que lhe vai escrever vai, assegurando que está  indefectivelmente à disposição, e tem muito presente as boas palavras que lhe mereceu em Bragança.
Numa segunda carta falará da Alzira. A rapariga não consegue emprego, mas tem uma licenciatura em "Animação e Produção Artística", e em Belém há  festas, eventos, recepções…
" Excelentíssimo Senhor Presidente da República,"
Olha as palavras que acabou de escrever e sorri. Esperará uma semana, talvez duas, o que ainda não decidiu é se lha manda pelo correio ou vai a Lisboa entregá-la em mãos.