sexta-feira, abril 17

Pagar caro

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"Paguei caro". Num desabafo ou resmungando, as mais das vezes em pensamento, quando se deitam contas às peripécias da vida  é frase que nos sai em forma de autocomiseração ou arrependimento da tolice feita, de estupidamente termos comido o queijo sem atentar na ratoeira.
Lá vem então o "paguei caro", prometemo-nos cautela, mas é quase infalível que na próxima voltaremos a cair no engodo.
Entre os meus vários maus hábitos destaca-se uma certa falta de cuidado para com as pessoas, impaciência nos subentendidos do trato social, uma incapacidade de usar os rodeios e fraseados que escondem quanto se tem o coração perto da boca.
Daí resulta sempre prejuízo ou paulada mais ou menos dolorosa, de que costumo fazer o balanço com o já citado "paguei caro".
Recentemente, estava a ponto de cair nessa choradeira, quando dei por mim a sorrir, ingénuo e feliz como o garoto que compreende o ovo de Colombo. Desculpe quem lê, mas não vou  adiantar.