quinta-feira, abril 23

Auto-ajuda

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Ninguém precisa da minha compaixão, mas verdade é que me aflige o desespero dos que sem bússola que os oriente na vida, no trabalho ou nos sentimentos, procuram em manuais de auto-ajuda a fórmula milagrosa, o exercício ou a mantra que lhes mostre o caminho do sucesso material, da paz de espírito e da felicidade.
Zombam eles com arrogância dos que acreditam nos efeitos miraculosos da banha de cobra, desdenham dos que rasgam os joelhos em Fátima, chamam burro a quem se deixa guiar pelos símbolos do Tarot, mas de verdade nada os distingue nem torna superiores a esses, antes demonstram que em matéria de crendice não há classes nem escalões, esbracejam todos no vasto mar da ignorância e do medo sem boia de redenção.
Sei eu o remédio? Não sei. Tão-pouco o sabem os psicólogos, os psiquiatras, os padres confessores, os mestres das várias iogas. Porque de facto, quem não possuir a humildade, a imparcialidade e a compaixão de, como se examinasse um estranho, ir ao mais fundo de si próprio, perde tempo, escusa de procurar.