(Clique)
Desmiolado, indiferente às conveniências, dinheiro no
bolso, o emigrante tem o mau hábito de no mês de Agosto visitar as berças e,
com os seus barulhentos costumes, música pimba, dialecto franciú, ir perturbar o sossego da boa gente que alegremente
dispensaria o confronto anual com aquela desagradável versão de si própria.
O português tem isso: se julga pertencer à classe média
baixa, média média, média alta, superior ou olímpica, é logo atacado de amnésia
e nojo, os outros tornam-se-lhe gentinha, "pobrezinhos" , passa a sofrer
da mais miserável forma de racismo e discriminação: a que se volta contra
aqueles a que pertence.
Vou lendo aqui e ali queixumes e desdéns, sugestões
de que o emigrante vá passar férias a outro lado, não perturbe a serenidade,
não venha com o seu barulho e jactância recordar a simpleza e condição humilde
de que todos descendemos, mesmo os que se julgam nobres e melhores. Que o não
são. Julgam-se.
………..
Fotografia de:
http://descobriransiaes.blogspot.com