(Clique)
A cabeça não basta. Nem as leituras. Menos
ainda aqueles anos gastos a estudar ciência da literatura e os meses perdidos
em "oficinas" de escrita criativa. Tarimba em vida airada ajuda um
bocadinho, mas é preciso mais. Conhecer o que faz babar novos e velhos
possuidores de um quociente intelectual que leva a crer em extraterrestres,
paixões súbitas, amores eternos, uma vida inteira de cópulas orgásticas,
permanentes férias. Depois jurar que a sua vida é assim, e um matrimónio
exemplarmente "aberto" como o seu permite "tudo isto e o céu
também", uma vida de eterna festa.
Ter 1965 como ano de nascença pode ser
tropeço, mas que não obste: há sempre à mão um fotógrafo competente.
Roam-se de inveja, meninas candidatas a
escritora: Heleen van Rooyen já vendeu para cima de milhão e meio de livros,
vive em luxo algarvio e num corrupio de festas e sucessos.
Porém, de nada adianta invejá-la, sonhar: é
indispensável ter descaro, e sobretudo as "curvas", pois a
"literatura" há muito deixou de ser o que parecia, é um produto como
o detergente e, como ele, tem marca, vende-se no supermercado. Infelizmente é
produto que não lava, nem eleva.