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No casamento, como no trabalho, no sexo e na alimentação, na arte, nas conversas, nas andanças da amizade, do amor, nas milhentas outras que fazem a vida, a repetição é inimigo nr. 1. Engendra monotonia, é o princípio do fim.
Cá por dentro suspeito que em mais de um aspecto me ando a repetir, dá-me a ideia de que o meu campo de visão se vai estreitando, que recaio nas mesmas queixas, nas mesmas críticas, nas mesmas aflições e, à semelhança dos moinhos de oração tibetanos, debito aos outros e a mim próprio a mesma lengalenga.
Os simpáticos argumentarão que semelhante azedume poderá ser do tempo, que continua feio, mas a coisa parece-me mal parada, a menos que, à maneira de José Maria Barbosa du Bocage, me venha mote, ou uma alegre inspiração do alto desça sobre mim.
