quinta-feira, novembro 11

A raparigada

Há os que só vêem raios de sol, amanhãs que cantam, para os sombrios tudo é negrume, e entre esses extremos anda você e ando eu. Ora a alegrarmo-nos sem razão nem certeza  que o sol há-de brilhar, desesperados noutras alturas por contratempos que o não são mas parecem. Há quem diga que é do feitio, juram alguns que a vida é assim e não há volta a dar-lhe.
Pois será, mas de nada serve a sabedoria, própria ou alheia,quando tudo sai pelo avesso e um nada faz desabar o Carmo e a Trindade.
Acontece que por artes do acaso e da curiosidade que mantenho, nestes últimos dias me deu para fazer assim a modos de uma pesquisa em blogues femininos. Razões tinha umas quantas, sendo a mais válida o sentimento de que entre o geral das raparigas (até aos quarenta são raparigas) e a minha ideia do eterno feminino, não se abriu o clássico fosso, mas me vejo em situação idêntica à da jangada que Saramago fez da Península: estou a afastar-me.
Evidentemente que com a minha idade pode isto prestar-se a remoques ácidos ou cómicos, mas seja como for acho quase um dever alertar a raparigada de que vai por ruim caminho.
Nos blogues por onde passei (não tenciono repetir) saltou-me à vista um vocabulário de machismo chulo (sim, machismo), com abundância de caralhos e caralhadas, muitos foda-se, puta que pariu, mais merda que numa fossa de retrete. Conas e mamas quase não encontrei, pelo que me parece que a raparigada, que já se apoderou dos cigarros, da cerveja, do volante e das botas militares, tem certo pejo na originalidade.
Imita os gajos, mas falta-lhe tesão para ir mais além.