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De Georges Simenon (1903-1989) li tantos romances que não me arrisco a dizer quantos foram, mas a avaliar pelos que tenho nas estantes devem ter sido mais de cinquenta.
Do seu Comissário Maigret, superiormente interpretado na televisão por Jean Gabin (1904-1976), guardo excelentes recordações.
De Liège, onde nasceu, que odiou e tão sombriamente retratou, não adianta dizer bem ou mal. Gente haverá que gosta dela; outros, como ele e eu, acham-na desagradável, se a visitam é por obrigação.
Acontece que, e não somente devido ao talento de Simenon, como que paira sobre a cidade e os seus habitantes uma estranha maldição. Dão-se lá estranhos crimes, formas bizarras de vícios, corrupção de topo, já foi considerada a cidade mais criminosa da Europa, merecendo a alcunha de Palermo do Mosa.
Vem-me isto à lembrança devido à notícia que li a noite passada: anteontem, ao regressar a casa, um habitante de Liège deparou com uma cena mais lúgubre do que as inventadas por Simenon: no portão da moradia pendiam os corpos da esposa (56) e das suas duas filhas (29 e 30) que ali se tinham enforcado com uma corrente de ferro.
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