quarta-feira, dezembro 22

Tempo de sobra

 

Quer respostas, explicações, quer saber de tudo até ao fundo, os detalhes, e como foi, e quando, e quem lá estava, e se eram família, e se moravam longe.

Atordoa, uma curiosidade assim, a bisbilhotice transformada em doença crónica, de nada adianta mudar de passeio, fingir urgência, arranjar cara de quem vai a funeral de um tio ou perdeu na Bolsa.

- Tenho tempo. Todo o tempo do mundo.

Afirma aquilo como se a pressa alheia fosse coisa que desculpa ou perdoa, nem um instante lhe passará pela cabeça que é cansativo, insuportável, impertinente.

Diz-se que onde o cavalo de Átila pousava a ferradura nunca mais crescia relva. Assim também, onde este Abílio aparece vai-se o descanso e o resto da paciência.

Morre tanta gente nova. Há tantos inválidos nos hospitais, nos asilos, nos lares, tantos presos nas cadeias. Com que propósito deixará o Altíssimo que este não esteja acamado, ou na cadeia, e continue à solta?